25 outubro 2010

Nobel por quebra de dogmas

Prêmios Nobel sempre serão polêmicos, independente de sua categoria. As críticas à premiação criada em 1901 na Suécia envolvem pontos de vistas políticos, econômicos, sociais e enfrentam muitos desafios por parte de críticos do mundo inteiro. Esta semana o prêmio gerou mais uma polêmica para a sua coleção: a entrega do Prêmio Nobel Medicina a Robert Edward, pesquisador que desenvolveu a técnica de fertilização in vitro. A Igreja Católica iniciou então uma série de ataques ao Comitê que escolhe os prêmios Nobel, comparando a técnica a uma cultura “embriões são vistos como produto”.

Em toda a História do homem podemos observar a ação da Igreja e da fé como transformadoras da maneira em que vivemos. Por ser o único animal a realizar rituais originados pela fé por algo impalpável, o homem acaba limitando sua criatividade e suas opiniões em função de algo que acredita ser maior que sua própria existência. A partir deste conceito é que começam as guerras de pessoas como Robert Edward. A coragem de enfrentar instituições como a Igreja tem um significado muito mais amplo do que simplesmente criar a vida: é adquirir a liberdade através do conhecimento ao invés das armas.

Regras impostas pelo Vaticano vêm perdendo o sentido desde o fim da Idade Média. Entretanto, valores gerados na idade das trevas continuam presentes na sociedade atual como fantasmas, coisas a não serem discutidas. Poucos se atrevem a enfrentar de frente questões como o aborto com naturalidade, ignorando que a temática é uma questão de saúde pública. Se não fosse pela coragem e pela revolução liderada por cientistas através do conhecimento, a população continuaria morrendo por doenças incuráveis, esperando a solução nas mãos de uma instituição truculenta e intolerante. Cabe a nós relembrar o que aprendemos com a História: são as convicções humanas que fazem milagres, não a Igreja.

Com a declaração do Vaticano sobre as técnicas in vitro de fertilização, a Igreja Católica reafirma seus dogmas ultrapassados. A proibição do uso de camisinha, por exemplo, ignora um dos grandes males do século XX, o HIV. O objetivo de expor os fiéis a diversas doenças sexualmente transmissíveis. E para quê? Para manter as poucas regras que restam de uma instituição que transforma prazeres em pecado, menosprezando a vida por algo muito “maior”. Entrando neste jogo de questões, se Deus deu a sabedoria ao homem, por que ignorá-la? A Igreja prefere não responder.

A fertilização in vitro vem como mais uma prova de que é possível enfrentar os dogmas pré-estabelecidos e realizar uma revolução através do conhecimento. A declaração da Santa Sé de que a técnica discutida abriu caminho para uma cultura em que os embriões são vistos como commodities é mais uma tentativa obscura de tentar controlar uma sociedade que hoje pode pensar e agir sozinha, vivendo seu próprio tempo, o século XXI.

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Artigo produzido para a disciplina de Técnicas de Redação I, da Faculdade Cásper Líbero.

19 outubro 2010

Como pedir demissão com estilo

Só porque estou muito estressada com estes dois empregos (e também porque só agora entendi como colocar vídeo no blog, graças ao @oscar_batista), segue um dos melhores vídeos que eu já vi no blog do Não Salvo.

(dica: prestem atenção no tigre desde o início)

 

18 outubro 2010

Heróis gregos

Mais uma postagem daquelas aceleradas, como o coelho de Alice no País das Maravilhas, indo para algum lugar que nem mesmo ele sabe, mas com pressa. A questão é que este sábado foi marcado pela tragetória de dois personagens de ficção, um do cinema e outro de um livro, que conquistaram o meu coração e permitiram a mais sincera reflexão sobre o mundo, sobre a política brasileira e, acima de tudo, sobre os seres humanos.

O primeiro é conhecido por quem leu o último post deste blog. Bento, ou melhor, Bento Lucas, o trigézimo "abençoado" disperto no mundo pós-Noite Maldita, teve todas as fases de um herói: de fraco e confuso, passou a líder absoluto e depois a chefe insandecido, devido a sua fixação em cumprir de forma correta sua missão na Terra. Sei que vocês não entenderam muito, mas deixo os detalhes para quem quiser se maravilhar entre as páginas deste que considero um dos melhores livros que já li. Nosso herói faz com que nos apaixonemos e depois recuemos, com uma mistura de medo e sedução. Lucas vai conquistando a cada página mais fiéis, que desejam tanto quanto ele que tudo acabe, que os vampiros sejam destruídos. Entretanto, mais do que os vampiros, o mundo só conseguirá respirar em paz se, acima de qualquer outra coisa, os homens possam continuar a viver em comunhão, tal como aprenderam após a chegada dos vampiros. Dá para imaginar? São Paulo sem violência, sem trânsito, com todos trabalhando junto por um bem comum? É. atualmente, não dá. Mas não devo lhes adiantar mais nada sobre este livro. Leiam.

Meu outro herói (ou podemos chamar de anti-herói) neste final de semana foi o Capitão Nascimento. Alguém pode até não gostar do primeiro Tropa de Elite (se isso for mesmo possível), mas tenho que confessar que o segundo é simplesmente ge-ni-al. A imagem é de um ser humano que realmente "cai para cima" e que, por seus ideiais profissionais facilmente questionáveis, se afasta de sua própria humanidade, de sua pessoalidade. Quem não assistiu também deve se achar perdido, e quem assistiu como o Renato Bazan virá com outras 300 reflexões do filme, todas válidas. O que discuto aqui é a personagem, que por si só já daria muito "pano para manga" para diversos psicólogos de plantão. Tal como o livro, fica minhas sinceras recomendações: assista, mesmo que na versão pirata... =p

Entretanto, o que queria dizer nestas poucas (que já são muitas palavras) é que estes dois personagens me conquistaram esta semana pela tragetória do herói Grego, que através de suas aventuras acabam se auto-descobrindo, fazendo com que o leitor/espectador possa ser envolvido por esta aura que os cerca em suas jornadas, que nos faz rir, chorar, odiar e amar junto com eles. Fica a dica de um livro e um filme e, só para não dizer que esqueci da  música, segue o clipe de uma interpretação fenomenal do Seu Jorge, mesmo em uma música do Zeca Pagodinho, em homenagem a sua rápida atuação em Tropa de Elite 2.


01 outubro 2010

Bento

Faz muitos séculos que eu não posto no blog. Escrever para ele? longe de mim ...Virou bagunça, um Ctrl+C / Ctrl+V danado, e seria hipocresia minha falar que tudo isso é culpa da Faculdade ou do nascimento do meu TCC, pois sinceramente, não é. Me pergunto: falar sobre o que? Mais uma declaração de amor ao meu namorado? Aos amigos? Política (assunto da moda)? Não sabia o que escrever até que ,de repente, as coisas começam a entrar num thriller tenso, onde não consigo dormir, acordar, trabalhar sem lembrar de minha nova obcessão: Bento.
Não, não estou traindo meu namorado. Bento é o nome de um livro André Vianco publicado em 2003 pela Editora Novo Século. Ficou famoso ao ser lançado, pois após o primeiro livro do autor, Os Sete, fez muito sucesso entre jovens e adultos ao contar a mágica história sobre vampiros. Sim, eu disse vampiros. Mas vampiros de verdade, que matam, esquartejam, brincam com os humanos, bebem sangue e principalmente: não brilham no sol. Bento é o primeiro de livro de uma trilogia, sendo seguido por O Vampiro-Rei Vol.1 e O Vampiro-Rei Vol.2. E o melhor de tudo? É brasileiríssimo.


Enfim, tudo isso é informação técnica, adquirida em qualquer Wiki por aí. O que eu queria dizer sobre Bento é a forte atração que me tomou por inteira nesta última semana. Desde domingo, quando comecei a saborear cada página, conto os segundo para poder avançar mais um pouco em uma história aluciante, repleta de magia, ação, descrições técnicas. Como diria Bazan, é um "livro para meninos". Talvez seja isto que me atraia. Os palavrões nunca exagerados, a boa escrita, e o estilo irrefutável de André Vianco, a ausência de clichês. Sim, estou apaixonada por Bento, Lucas, Cantarzo, Adriano, Raquel (a vampira gótica-ruiva, me lembra certas Carolines). Cada personagem, cada história, consigo visualizar a câmera mudar de ângulo, o sons, os cheiros, as testuras. 
De fato, não sei como até hoje este magnífico livro não virou filme, mas ainda bem que isto não aconteceu: prefiro guardar as minhas imagens sobre cada personagem, numa mistura de tesão e compadecimento por todas as criaturas. Enfim, acredito que este livro cumpriu seu papel de quebrar a minha ausência não só deste blog, mas do prazer de ler um livro. Até porque neste bimestre terei que ler Grande Sertão Veredas, então é bom preparar a cabeça e pegar mais leve com estes vampiros. De toda a forma, fica a dica para você que gosta de vampiros, monstros e afins, que gosta de imaginar São Paulo em uma outra situação, ou que admira um bom livro.

 
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