28 dezembro 2009

Nada como ficar sozinho em casa...


21 dezembro 2009

Balanço 2009

Shows perdidos em 2009..........3 (Faith no More, Sonic Youth, Killers)
Empregos novos............................1
Celulares perdidos.......................Nenhum (pela primeira vez em 4 anos)
Festas da Cásper.............................Nenhuma (nerd maldita)
Exames............................................1 (Português, pra variar)
CDs Comprados...............................1 (Hole, tava na promoção)
Novos amigos..................................1 (Bia ^^)
Novos inimigos................................2 (não conto nem ferrando)
Chapéu novo......................................2
Amizades perdidas e depois encontradas.....................1
Crises existenciais....................................1.886.954.362.985³
Twitter..........................................................1
Blog...............................................1 (este em que vos escrevo)
Namorados.....................................1 (e ainda estou com ele!!)

É possível perceber assim um saldo positivo nas contas de 2009, com boas perspectivas para o próximo ano. ;)

11 dezembro 2009

Era uma vez...

Era uma vez uma moça que morava em uma casinha simples com seus pais e sua irmã. Ela trabalhava, estudava, dava combalhotas, enfim, fazia de tudo para sobreviver. Até que um dia ela encontrou um jovem príncipe que tranformou a vida dela aos poucos. Na verdade, esse príncipe não chegou em um cavalo branco (ele nem mesmo tinha um cavalo), mas escondia um grande segredo. A jovem e o príncipe então começaram uma grande amizade, porém o segredo do príncipe, que inicialmente impedia a mocinha se apaixonar por ele, fez crescer ainda mais o carinho entre os dois até o dia em que ambos se viram apaixonados um pelo outro, algo que ninguém poderia explicar.
Passado alguns meses, depois de muitas brigas e do Reino Casperiano inteiro saber do amor dos dois, o príncipe finalmente tomou coragem e pediu a mão da jovem em namoro. Ele não prometeu felicidade eterna, afinal, ele tem o grande defeito de ser humano (um dos mais complexos por sinal). Porém, ele é o único que faz a jovem se sentir uma princesa, oferecendo-lhe amor, carinho e atenção.
Essa história não tem bruxas, madrastas más, monstros, a não ser os próprios fantasmas que cada um carrega consigo, e não será como magia que a vida dela se transformará em conto de fadas, mas sim com muito suor, dor, alegrias e tristezas. Ninguém sabe ainda se eles viverão felizes para sempre, mas como diria o poeta: "que seja eterno enquanto dure". Já durou um ano.

Fim???

03 dezembro 2009

A rosa de Hiroshima, a rosa radioativa

Como descrever a tragédia que deixou mais de 140 mil mortos e que até hoje é uma vergonha para a humanidade? O livro Hiroshima, de John Hersey, responde com um retrato preciso e marcante de uma das tragédias mais comoventes do século XX. Entretanto, quem espera encontrar no livro algo melodramático digno de hollywood ficará decepicionado. Com um relato fiel de seis sobreviventes da bomba atômica – um pastor, um padre, uma secretária, dois médicos e uma viúva- Hersey mostra hábitos de pessoas comuns, cuja banalidade do cotidiano foi substituída por uma luta pela sobrevivência. Mais do que um relato sobre a bomba, Hersey fala sobre humanidade, sem precisar contar nada mais do que fatos.

Hiroshima marcou a história como um dos primeiros trabalhos do gênero conhecido como “novo jornalismo” ou “jornalismo literário”. Com esse estilo jornalístico, o autor faz com que a reportagem, de tão extraordinária e completa, se torne muito mais parecida com uma ficção. O leitor viaja até 1945 através de uma apuração consistente, acompanhando junto às personagens todo o sofrimento de um povo através de dados oficiais e não-oficiais, de um trabalho que não é baseado na dor e na morte, mas na luta pela vida em um texto enxuto e direto. Hersey simplesmente anotava tudo que ouvia e via, e por meio da história dos seis sobreviventes, publicou um ano depois a reconstrução do inferno por baixo do cogumelo radioativo.

Com o sucesso da publicação no The New Yorker, John Hersey voltou à Hiroshima quarenta anos depois, concluindo o último capítulo dos hibakushas – como eram chamadas as pessoas atingidas pelos efeitos da bomba. Após a tragédia, estas vítimas passaram a sofrer não só com os efeitos econômicos e fisiológicos que a bomba lhe deixara, mas também com o preconceito do governo e da sociedade.

Após a explosão da bomba atômica era como se todos quisessem esquecer o que aconteceu e começar de novo, mesmo que isso fosse impossível. Até hoje não se tem com precisão quantos foram os mortos, quantos os feridos, mas Hersey dá voz àqueles seis cuja a vida foi moldada após o acidente, seja através do pastor que seguiu a vida palestrando e lutando contra novos teste de bombas nucleares, seja apenas como uma lembrança triste do dia 6 de agosto de 1945.

A visão ocidental das dimensões do que aconteceu nas cidades de Hiroshima e de Nagazaki até hoje é muito vaga, e, de tão triste, parece esconder-se, evita-se comentar. Hiroshima vem para preencher essa lacuna, tranformando dados em algo de fácil acesso, ensinando e entretendo, e, mais que tudo, incentivando a reflexão. Quando a reportagem se aproxima da arte.


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Trabalhos da Faculdade: sempre gratificantes.

28 outubro 2009

Praia de paulistano

Temperatura entre 27 e 32º. Cerca 30 cadeiras de praia enfileiradas em um gramado verdinho, em sua maioria acompanhadas de guarda-sol protegendo aqueles que desejam relaxar à sombra, com direito até a mesinha. Este cenário típico de litoral pode ser encontrado no terraço do Centro Cultural São Paulo, localizado na rua Vergueiro, centro de São Paulo.
Conhecido por sua biblioteca e por ser recanto de todos os tipos de "nerds" (sejam eles jogadores de RPG ou aspirantes à USP), disponibilizou-se o espaço para quem quiser descansar um pouco do ambiente urbano da cidade. A estratégia realmente funcionou: lugares na sombra fresca do guarda-sol são disputadíssimos nos dias mais quentes, e para aqueles que não se sentem à vontade nas cadeiras, o Centro Cultural São Paulo disponibilizou também esteiras entre as cadeiras.
Ao invés de ouvir o som do mar, o público ouve o trânsito da 23 de Maio logo ali atrás. No cenário, nada de oceano ou mata atlântica: apenas a nossa selva de pedra paulistana. Nada que não possa ser resolvido com um bom MP3, sem maresia, sem areia grudando no pé. Paulistana chata sim senhor. Virou minha praia favorita...

20 outubro 2009

Dia do Poeta

Dois dos poetas mais incríveis que conheço:

"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece
a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
"

[Manuel Bandeira, Arte de Amar]

"Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo"
[Clarice Lispector]

Ciclo

Quando no pré-primário, o medo é enfrentar uma sala de aula.
No ensino fundamental, o Ensino Médio chega a ser desesperador.
Tá, terceiro colegial, o que fazer agora?
Cursinho? Estudar, estudar, estudar. Se sobrar tempo, comer.
Faculdade!!!!
Passar de ano, de preferência sem exame.
Já ouvi falar de um monstro chamado TCC.


Isso nunca terá fim?

É... não.

17 setembro 2009

Declaração de Amor II

- Está tudo bem com você?
- Sim, por quê?
- Estou te achando um pouco triste, calada, tranquila. Quer dizer, tranquila não, você nunca é tranquila.
- Como assim eu não sou tranquila?
- Faz parte da sua personalidade. Você não consegue ficar três dias sem dar um chilique.
- EU NÃO DOU CHILIQUE!
- Pergunta para qualquer uma das meninas.
- Está me chamando de barraqueira?
- Ham... Sim.

Declarações de amor assim é que me emocionam há 9 meses.

15 setembro 2009

10 Melhores desenhos Pixar - Disney

Bem, como todo mundo adora fazer listas, resolvi pensar na minha dos 10 melhores filmes já produzidos pela Disney com a Pixar. Tudo bem, você pode não concordar, mas eu sou viciada nessa parceria...=]

10 Carros (2006)
Resumo-Tweet: Um carrinho sai da sua rota e descobre uma vila onde conhece amigos e passa a descobrir mais sobre a vida e sobre o mundo.
Crítica: O filme até que "é legalzinho", mas ainda assim nunca fui muito fã. Talvez meu desprezo por automóveis tenha alguma relação com isso. Talvez.
Moral: Na vida o importante não é a linha de chegada, mas a travessia
Lição aprendida: Os homens estão certos, carros tem sentimento
Frase que deixou: (...)

9 Toy Story 2 (1999)
Resumo-Tweet: Continuação do primeiro, Woody acaba descobrindo que é um raríssimo boneco e tem que decidir entre ficar com Andy ou ficar em um museu e ser reconhecimento.
Crítica: Agora confesso algo que fará todos ignorarem essa minha lista: Nunca gostei de Toy Story. Podem falar que eu não tive infância, mas a continuação de um desenho que você já não ia muito com a cara é traumatizante. A segunda crise existencial de Woody é um pouco chata, e a história só cativa pela simplicidade, amor, etc, etc, etc.
Moral: Você não pode fugir do seu passado, mas pode mudar o futuro
Lição aprendida: Nunca confie no que os seus bonecos fazem quando você não está no quarto.
Frase que deixou: Yeeeaaaaahhhh (A vaqueirinha fofa toda hora)

8 Os Incríveis (2004)
Resumo-Tweet: Um ex-super herói decaído resolver reviver suas aventuras e acaba caindo em uma armadilha e envolvendo sua família.
Crítica: Sabe aquela chamada da sessão da tarde "diversão para toda a família"? Então. A história do cotidiano de uma família de super-heróis instiga a curiosidade e a diversão. Enfim, me permitindo fazer aquelas piadas prontas, Os Incríveis é incrível.
Moral: A família é um bem precioso e é preciso aprender a conviver com as diferenças dela.
Lição aprendida: Família a gente não escolhe
Frase que deixou: Senhora, o Zézinho ainda está bem mas eu tô ficando preocupada (Babá durante as revelações dos poderes do bebê. Vide extras do dvd, é o máximo)

7 Toy Store (1995)
Resumo-Tweet: Woody é um brinquedo antigo que vê seu trono ameaçado pelo novo brinquedo de Andy, Buzz. A rivalidade entre os dois acaba levando-os a uma aventura e terão de trabalhar juntos para escapar e conseguir voltar para Andy.
Crítica: Por um motivo simples coloco Toy Store em sétimo: eu tive infância. Lembro-me que sentar no sofá para assistir comendo pipoca e não sair mais. O ano era 95 a primeira pareceria da Disney com a Pixar rendeu este trabalho incrível. Merece respeito.
Moral: A importância da amizade.
Lição que deixou: Nunca confie no que os seus bonecos fazem quando você não está no quarto.
Frase que deixou: Ao infinito... e além (Buzz Lightyear várias e várias vezes)

6 Up! Altas Aventuras (2009)
Resumo-Tweet: Um velhinho prestes a ser levado para o asilo enche sua casa com milhares de balões fazendo com que ela levante vôo e viaje até uma floresta na América do Sul, só que descobre que Russell, um menino de 8 anos, embarcou junto.
Crítica: Pode ser que eu ainda não tenha assistido muitas vezes para conseguir colocá-lo em uma posição melhor, mas o fato é que a nova animação Disney/Pixar é maravilhosa, principalmente por seus personagens tão singulares: um vovô ranzinza e um gordinho chato. Deixa a vontade de adotar os dois personagens para si.
Moral: Sempre corra atrás do seu sonho
Lição Aprendida: Balões aguentam o peso de uma casa e passam dias sem estourar.
Frase que deixou: Esquilo! (Cachorros no meio de qualquer frase. Tem que assistir para entender)

5 Vida de Inseto (1998)
Resumo-Tweet: Flik é uma formiga inventora que terá a ajuda de outros insetos para lutar contra a dominação dos gafonhotos em seu formigueiro.
Crítica: É a hora que alguns dizem indignados: como assim você deixa esse filme fraco em quinto lugar? Primeiro: Era 98, posso usar o mesmo argumento da superação em relação à qualidade quanto a Toy Store. Tem também o fator externo, foi lançado junto com Formiguinhaz, e em termos de história e qualidade deixa o outro bem para trás. Fora que esse herói é demais, ele é fraco, mentiroso, tranbiqueiro, e não porque quer, mas porque em uma sociedade feminista as formigas se viram como podem. Uhu!
Moral: A união faz a força
Lição aprendida: Aqueles insetos dos quais você tem nojo são uns amores. E as joaninhas podem ser muito machos.
Frase que deixou: Eu morri.. morri... morri (Joaninha encenando a batalha dos insetos. embora a expressão deles já diz tudo)

4 Ratatouille (2007)
Resumo-Tweet: Um rato que adora cozinhar firma uma parceria com o atrapalhado ajudante de um restaurante, que não sabe cozinhar.
Crítica: Encantador, o filme, no qual eu não apostava nada, é de uma delicadeza sem tamanho, onde o autor lida não só com o sonho de um rato mas nos faz perceber que a beleza interior é o que importa. Fora que Paris é fantástica né? O fim não foi feito para ser engraçado, foi para ser lindo mesmo.
Moral: Não desista do seu sonho, você é o que você quiser
Lição aprendida: Ratos sabem cozinhar, e nem todos gostam de lixo.
Frase que deixou: (...)

3 Procurando Nemo (2003)
Resumo-Tweet: Um filhote de peixe-palhaço vai parar em um aquário em Sydnei e seu pai se arrisca em uma longa busca pelo oceano para encontrar o filho.
Crítica: Sou suspeita para falar dos 3 próximos filmes pois sou completamente apaixonada pelos três. O que falar de Procurando Nemo? Que a personagem Dory é uma das mais apaixonantes personagem de toda a história? Que você se vê envolvido de tal forma que não consegue assistir apenas uma vez? Que o fundo do mar se tornou mil vezes mais fascinante depois desse filme? Não posso dizer tudo isso, não falo Baleiês. Simplesmente fantástico.
Moral: Viva a vida insensamente
Lição aprendida: Peixes-palhaço não são engraçados, peixes podem falar baleiês
Frase(s): *Oi meu nome é Dori (Dori durante todo o filme)
* Prooooooocuranduu Nemuu.. Ondii é que eeelle taahhh...(Dori falando Baleiês)
* Quando a vida te decepciona, qual é a solução? Continue a nadar, continue a nadar...(Dori em seu momento auto-estima)

2 Monstro S/A (2001)
Resumo-Tweet: Na cidade de monstrópolis, dois amigos se vêem a devolver uma criança que escapou para o mundo deles, e acabam descobrindo uma grande farça na empresa.
Crítica: Perfeito. Assisti 17 vezes, depois parei de contar. Descobrir novos mundos já é legal, mas conhecer um mundo de monstros que na verdade se fazem de maus é melhor ainda. Na verdade, e sem querer viajar no sentido do filme, lição de moral é o que não falta: todo mundo na verdade se faz de monstro, mas no fundo, a bondade pervalece. E eu quero realmente acreditar nisso.
Moral: A melhor maneira de destruir seus medos é enfrentá-los
Lição aprendida: Além do guarda-roupas está monstrópolis, e, aquele monstro que te assustava quando você era criança, na verdade é bonzinho
Frase(s): *Gelolândia? Aqui é paraisolândia! (O abminável, ou melhor, o adorável homem das neves sobre seu habitat)
* Para começar é nefasta, ofende mas não assassina o português. (Mike)
* Leva esse treco para fora se não o bicho pega, o bicho pega! (Mike e Sam em um musical)
* Mike Azausky, você é tão legal (Lesma fazendo um elogio contagiante)

1 - Wall-E (2008)
Resumo-Tweet: Em 2700, o único habitante da Terra é um pequeno robô que tem a missão de limpar toda a sujeira que o homem deixou no planeta. Sua vida muda quando se apaixona por Eva, outro robô que juntos mudaram os rumos da humanidade.
Crítica: O melhor filme da minha vida. Imagina um filme lindo, mas assim, encantador: Wall-E bate. Ele é delicado, emocinante sem ser sentimentalista, engraçadinho sem ser cômico, ambientalista sem ser Greenpeace, perfeito. Não posso falar mais nada, eu realmente sou apaixonada pelo Wall-E, onde robôs são humanos e humanos são robôs.
Moral: Se não cuidarmos do planeta Terra agora, será o fim.
Lição aprendida: Robôs são românticos, lindos, perfeitos. Ainda me caso com Wall-e.
Frases: Não tem. Por isso é Perfeito.

03 setembro 2009

Traços e Rabiscos

Do ativismo ao esquecimento, a trajetória do desenhista que ilustrou a história do Brasil

Canetas e folhas de sulfite em branco, um copo em cima da prancheta, manchas de tinta em um piso de madeira e uma montanha de livros espalhados pelo chão até uma cama de solteiro mal-arrumada no canto do quarto. É fim de tarde no bairro Jardim São Paulo e Jaime Leão está imerso nesta desordem organizada, que revela um pouco do comportamento deste que já foi considerado um dos maiores ilustradores do Brasil.

Nascido em Recife e carioca até os 25 anos, Jaime publicou suas primeiras ilustrações na Editora Brasil América, onde desenhava versões brasileiras de histórias em quadrinhos como Batman, Tarzan e Zorro, entre outras. Nesta época, começou a trabalhar com publicidade, embora não estivesse satisfeito porque "não gostava de ser bem pago para mentir".

em São Paulo, o ilustrador continuou seu trabalho com publicidade até 1971 por se sentir menos censurado nesta área, aproveitando a oportunidade para bater de frente com a ditadura através de painéis e quadros. Jaime especializou-se na arte de expressar críticas à sociedade e ao governo através de imagens:"Ele fazia um texto visual e inteligente para ser decodificado, também de uma forma inteligente. O traço dele é um traço mais forte, mais incisivo, que às vezes as ilustrações não têm", lembra Luís Mauro Sá Martino, jornalista e professor de Comunicação Comparada da Faculdade Cásper Líbero.

Segundo Jaime, mesmo com sua forte ligação com movimentos sociais e de esquerda, na década de 70 ele já havia sido “mordido pela mosca azul da imprensa”, e comprovou sua versatilidade colaborando não só em publicações como Opinião, Monumento, Ex e O Pasquim, mas também na chamada grande imprensa como Realidade, Veja, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.

Assim como acontecia em outros tipos de manifestações artísticas, seus desenhos eram subordinados à supervisão da censura. Jaime e sua família eram vigiados por policiais e recebiam ameaças quando decidiu exilar-se no Chile. Sob o governo de Salvador Allende, trabalhou em pequenos jornais de esquerda como o El Siglo e o Puro Chile:“Só voltei ao Brasil porque Lility [filha mais velha] estava doente. Fico triste porque não consegui retornar a tempo do golpe militar instaurado no Chile, pois minha disposição naquela época era muito grande, fosse para matar ou morrer". Sua atitude militante lhe rende algumas prisões na volta ao Brasil em 1973, e na década de 80 chegou a ficar cerca de uma semana em cárcere sem saber onde estava, sem qualquer acusação formal.

Muitos de seus trabalhos foram destruídos pela repressão. Entre um contato e outro, Jaime tenta recuperar hoje o que sobrou para poder fazer uma exposição e talvez até formar um acervo. Com seus 64 anos, Jaime não incomoda mais o governo. Discreto, este senhor com barba e cabelos grisalhos ainda desenha com precisão trabalhos ricos em detalhes e, quando possível, satíricos. É possível encontrar suas ilustrações em periódicos como Globo Esporte com cartuns de estilo mais cômico, e em revistas como Pequenas Empresas & Grandes Negócio e Você S.A, onde faz caricaturas e desenhos voltados a conselhos para executivos, porém sempre com uma dose de humor.

Com o avanço tecnológico e a excelente aptidão dos designers gráficos, a arte de usar pincel e tinta para dar vida aos desenhos acabou desvalorizada no mercado. Entretanto, Jaime responde com antipatia a esses avanços, revelando não usar computador por considerar-se um reinventor do próprio estilo: “Como não tive formação escolar, minha habilidade vem da prática, e não da teoria. Tudo o que eu sei veio de muita leitura, desenhos que eu já fazia, o exercício de escrever muito e o estudo a fundo”. Ele desabafa que mesmo com todos esses progressos, a ilustração cumpre hoje o papel dela, pois existem trabalhos muito bons e péssimos, como em qualquer período: "O importante é valorizar a obra, não importa o veículo em que se esteja".

Além de se manter fora das mídias eletrônicas como internet, Jaime Leão afirma que seu afastamento da grande imprensa se deu também após a publicação de uma matéria sobre Hugo Chávez na Playboy, em 2005. Jaime, que sempre teve admiração pelo presidente venezuelano, ilustrou o texto sem saber que o conteúdo era desfavorável ao político, e além de não trazer a assinatura do autor, o único nome que aparecia era o de Jaime em sua ilustração. Ele sentiu-se revoltado com a falta de comprometimento da revista e nunca mais foi procurado pela mesma: “Hoje, a censura persiste, não de um modo formal, mas sim editorial. A imprensa está acovardada, quase sem nenhum movimento de resistência".

Seu ativismo de extrema-esquerda contribuíram para que ao longo dos anos Jaime Leão não só perdesse contatos profissionais, mas também serviram como o motivo de seus três divórcios. Em 2005, após uma segunda separação traumática, sua esposa Verônica mudou-se com suas três filhas, e desde então ele não teve mais notícias delas e tenta através de contato com amigos reencontrá-las.

Esquecido pela imprensa e pela família, ele contribui hoje com ilustrações de livros didáticos para a Editora Ática, capas de CDs e pequenas participações em livros.

Artista, militante, boêmio. Jaime Leão é indiscutivelmente uma testemunha de seu tempo, que foi desenhando seu espaço nas páginas da história do país. Hoje não tem nada a perder nem a ganhar, uma voz rouca no avassalador mundo da imprensa.

28 agosto 2009

Pot-Porri

Retrospectiva 20 anos:

"Lencinho branco caiu no chão...
Moça bonita do meu coração" (Anônimo)
"Tudo pode ser...
Se quiser será...
O sonho sempre vem,
Pra quem sonhar..." (Xuxa)
"Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
O tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido." (Chico Buarque)
"Não quero lhe falar meu grande amor,
Das coisas que aprendi nos discos..." (Elis Regina)
"Tell me why,
I never wanna hear you say,
I want it that way" (Backstreet Boys)
"I'm so happy 'cause today
I've found my friends ...
They're in my head" (Nirvana)
"We will never be the same
the more you change the less you feel"(Smashing Pumpkins)
"So i made a big mistake
try to see it once my way" (Alice in Chains)
"Is this the real life?
Is this just fantasy?" (Queen)
"He want it easy; he wanted it relaxed
Said I can do a lot of things, but I can't do that" (Strokes)

Aniversariando

Para muitos fazer aniversário não tem importância. Afinal, qual é a graça de ficar mais velho? Mais problemas, mais responsabilidades, mais rugas. As pessoas mudam, e em determinados momentos tudo o que desejamos é apenas conseguir parar o tempo e permancer ali pela eternidade. Eu acredito que isto seja o paraíso.
Minha visão de aniversário é igual a de uma criança: bolo, brigadeiro, balões, bagunça. Ganhar presentes e festa, afinal, é só uma vez a cada 365 dias! Muita coisa. E pior, existe toda uma preparação para isso: um mês de mal-humor, o temido inferno astral.
Neste clima foi que me dei conta de que são duas décadas de Fernanda no mundo, e resolvi fazer o que toda mulher insegura adora em momentos de crise: um balanço de toda a minha vida. Coloquei tudo em um papel: amores, amigos, inimigos, esperanças e incertezas. Confesso que até me surpreendi com um saldo positivo: amigos sinceros ao meu lado, uma família incrível, um namorado que me surpreende a cada dia. Obrigada a todos.
Tenho noção de que não sou a escritora revelação 2009, mas é notável a evolução dos meus textos, e daqui a 15 anos tenho a certeza de que me farei este mesmo balanço e o resultado será muito melhor, pois escrevo com sentimento e não com sentimentalismo. Acredito que o melhor parabéns que recebi hoje foi o meu próprio reconhecimento. Enquanto não consigo o paraíso, vou me virando no purgatório, e realmente espero que apareçam desafios muito maiores daqui para frente. A vida é isso aí.


21 agosto 2009

Oficialmente termina o semestre


Falta muito pra chegar dezembro?

11 agosto 2009

Declaração de Amor I

Jantar a dois na Paulista.............................. R$ 95,00
Cinema 3D.................................. R$ 37,50
Pipocas ....................................... R$ 18,00
Mensalidade da Faculdade ........ R$ 927,36

Ouvir um inesperado e sincero "Eu gosto de você" no dia em que vocês fazem 8 meses de namoro.... Não tem preço.

Existem coisas que o dinheiro não compra.
Para todas as outras existe o limite de cheque especial.

06 agosto 2009

Sobre um garoto

"cause everybody cries
and everybody hurts, sometimes ..." R.E.M
Sempre foi difícil para qualquer fã de Nirvana explicar que a admiração por Kurt Cobain vai além de um rostinho bonito ou de revolta adolescente. O filme Kurt Cobain: About a Son, em cartaz no HSBC Belas Artes, traduz exatamente este sentimento: é uma viagem pela mente transtornada e misteriosa de Kurt Cobain, através de entrevistas realizadas durante os anos de 92 e 93 pelo jornalista Michel Azerrad. Ao todo, o que seriam mais de 25 horas de diálogos com o cantor se transformam em um brilhante documentário, onde Cobain expõe o lado humano do rockstar e relata sobre infância, família, fama e consumo de drogas.
De início, a idéia de um documentário de 96 minutos sem imagens do ídolo é, no mínimo, arriscada. Entretanto, o diretor AJ Schnack consegue prender o público por imagens que vão traçando a trajetória de Cobain através de cidades e personagens, tendo como ponto de partida a pequena cidade madeireira de Aberdeen, cidade natal do cantor, seguindo até Seattle, berço do estilo "grunge" dos anos 90.
A trilha sonora do filme também surpreende por não conter uma única música do Nirvana, mas não perde sua excelência pois traduzir a influência musical de Cobain e do Nirvana. É possível viajar através de décadas com Queen, Iggy Pop, David Bowie, Ben Gibbard, Melvins, Vaselines e Mudhoney dentre outras.
Kurt Cobain: About a Son é um filme para fãs de música, um dos melhores documentários do gênero dos últimos tempos. Para quem já leu Heavier than Heaven, a biografia completa do músico, sabe que muitas das coisas que ele diz em entrevistas é mentira. O artista afirmava que os jornalistas são as pessoas mais cruéis e desumanas da face da terra, e que seu status de ídolo não dá o direito para 'todos saberem tudo' sobre ele. Este desabafo não era por menos, uma vez que imagem do cantor na imprensa era do rockstar deprimido e triste, que lutou muito pela fama mas que perde a sua magia quando esta mesma fama, junto com as drogas, destrói sua vida pessoal.
O documentário termina com um pedido de Courtney Love a Kurt para trazer-lhe a mamadeira da filha, Frances Cobain, um dos momentos mais ternos de todo o documentário. Durante as entrevistas o cantor se mostra um homem apaixonado pela família, incapaz de cometer o suicídio, ainda que o documentário não levante nenhuma teoria conspiratória sobre um suposto assassinato.
Como fã, aconselho àqueles que gostam de entender como pensava Kurt Cobain. Como "quase jornalista", aconselho como um excelente trabalho de edição e fotografia. Uma das poucas homenagens dignas.

28 julho 2009

Retratação

Como eu exagerei no texto abaixo (preciso praticar a arte de ser sucinta), posto o desenho mais kitsch e fascinante da Disney com a Pixar, uma forma de desculpas. Em um futuro próximo eu faço uma resenha para ele.

Wall-E


27 julho 2009

Brasil, o país do... vôlei?

Brasil conquista a Liga Mundial de Vôlei Masculino. A notícia presente no cantinho esquerdo dos principais sites jornalísticos gerou comentários que variam de "Conta uma novidade" até muitos "Tá, agora deixa eu ver o jogo do corinthians". Como boa corinthiana, prefiro observar os comentários daqueles que não se surpreendem mais com esta seleção de tantas vitórias e tão pouco reconhecimento.
Desde criança não entendo o motivo da supervalorização do futebol e o descaso com o vôlei. Quando pequenos, ouvimos o discurso sexista que futebol é coisa de menino e vôlei de menina, e qualquer um quebrasse essa "regra" era considerado um gay em potencial, embora eu tenha sido sedentária o suficiente para não praticar nenhum esporte) No meu caso, desde a final em 99, onde a seleção ficou com o Bronze, fui considerada "esquisita" por torcer excessivamente para o vôlei masculino ao mesmo tempo que desprezava o futebol. Quando em 2002 a seleção perdeu para a Rússia na final da Liga Mundial, tive que aguentar muitos comentários maldosos, com uma resposta do tipo "você também é brasileiro, idiota" engasgada na garganta.
Traumas a parte, neste domingo conseguimos o octagésimo título, e o máximo que a imprensa conseguiu dizer é: "parabéns, vocês se igualaram à Itália". Quem achar que se trata de alucinação minha pode confir o ínicio da reportagem da Folha de S. Paulo sobre o título conquistado:

"Fazia um ano e sete meses que o Brasil não via sua seleção masculina de vôlei dando um peixinho conjunto em quadra (...) A seca de títulos... ".

Seca? Em um ano onde só participamos de duas competições, não subir ao pódio pode ser considerado seca? Acredito então que a seleção de futebol esteja na seca de uma copa do mundo. Imagine quantos países se encontram na seca deste tantos torneios por aí.
Meu problema com a imprensa é que, neste caso, nem o Grupo Uol nem a Globo tiveram atenção quanto a esta final, onde não editaram nem mesmo as aspas dos entrevistados. Todos deram mais destaque ao clássico Corinthians e Palmeiras. No caso do Estado de S. Paulo, o jornal até se esforçou em fazer uma retrospectiva de vitórias da seleção no site, talvez para justificar a porque da conquista do título não ter espaço na página inicial do jornal impresso.
Quando leio estas reportagens, parece que ainda ouço aqueles menininhos da oitava dizendo que ainda preferem o futebol que é pentacampeão de um campeonato que acontece de 4 em 4 anos e etc. O fato de termos 14 medalhas durante estes 19 anos de torneio (mais do que a própria Itália) não foi mencionado nenhuma vez, e as reportagens mais repentem a mesma cobrança e culpa de 2008. Ainda me lembro da voz de Galvão Bueno que parecia vibrar com a derrota culpando o time, chamando-o de fraco e despreparado para uma competição. Tudo bem, a opinião de Bueno não é referência, mas foi esse sentimento de decepção que a mídia disseminou.
É claro que a cobertura da imprensa na vitória também incita o espírito nacionalista brasileiro. Foram ressaltados pontos importantes como o jogo ter sido fora de casa, em um momento de transição de jogadores, surgindo uma nova seleção com novas experiências, afinidades e expectativas. Porém fica a pergunta: caso estes "novatos" tivessem perdido, esse argumento seria válido? Por que às 15h30 a notícia já não está em primeira página?
Enfim, mesmo sem reconhecimento o vôlei consegue se superar a cada ano. O importante neste esporte é o entrosamento, e não interessa se temos um fenômeno ou algum jogador que ganha 65 milhões de euros. Bernardinho não será demitido se perder uma Liga ou uma Copa. Para estar nessa seleção é necessário ter raça. Virar um jogo e ganhar fora de casa no Tie break (para os leigos, é como disputa nos pênaltis). Se daqui a alguns anos o Brasil não for só o país do futebol e sim de muitos outros esportes, tenho certeza que estaremos no pódio. Enquanto isso, fica aqui minha torcida e os meus parabéns.

21 julho 2009

A primeira vez...

Minha primeira postagem, no meu primeiro blog. Foi necessário pensar muito sobre como e porquê fazê-lo. Sondar, vasculhar outros blogs, "ah isso é legal", "ah isso não é", "isso jamais". Não sou poeta como Maitê, nem engraçada como LM, tão pouco genial como Bazan, e ainda não adquiri capital simbólico suficiente para ter um tom de blog noticioso. Mas ainda assim é um blog meu, do jeito "Fernanda de ser", seja lá o que isso signifique.
Me divirto com toda essa atmosfera de jornalista. Ok, lead, vamos direto ao assunto. Como acrescento essas coisinhas? Coloco essa frase? Esse assunto de novo? Quando vou postar novamente? Quantos caracteres tem isso? Não escreva em primeira pessoa! Em busca das palavras certas, escrever, escrever, escrever.
Acredito que já havia passado o tempo de começar a escrever em um blog. Por enquanto, essa vida de quase-jornalista me dá uma certa segurança, principalmente quando estou de férias da Cásper. Mas, e quando tudo isso acabar? Olharei para o céus e perguntarei "E agora, José"?!
Talvez não. Eu gosto de escrever, caso contrário faria Engenheira. Pelo menos paga melhor, sem essa rotina tão caótica, e não tem tochas e estacas apontadas para mim. Fato é que postarei fotos, textos, trabalhos e imagens diversas, sobre assuntos que realmente me fascinam: cinema, música, livros, comportamento, cotidiano, música, economia(?), música e música. Isso sou eu, acrescido de pensamentos extremamente confusos. Complicada assim.
O que eu quero? Para começar, uma casa no campo. Paciência, tranquilidade, amor, realizações, aprendendo com tudo isso. Que eu não seja uma voz sozinha na multidão, mais livrai-nos de todo mal.
Amém. =)

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