29 dezembro 2010

Último post do ano

Com este tótulo auto-explicativo me despeço a este blog. Pelo menos por este ano.

Posso dizer que 2010 foi um bom ano. Minha vida profissional mudou bastante. Na falta de um, dois estágios me sugaram o pouco de energia e juventude que eu desconhecia possuir. Encarei muitas vezes com preguiça, desdém, mas também com garra, coragem, ao menos para aguentar tanta pressão somente até o final do ano. E consegui.

Na área acadêmica, comecei a sentir as garras e o bafo quente de um monstro chamado TCC. Sim, ele me assustou, me fez chorar mais do que qualquer outra matéria (afinal, este ano, pela primeira vez, não fiquei de exame). Mas até este monstro que arreganha os dentes com tanta raiva parece ter se acalmado e twittado: "não sou tão feio assim. Pode chegar perto". Estou mais serena para encará-lo também.

Do ponto e vista musical não deixou por menos. Ver Smashing Pumpkins e chorar com o show mais emocionante da minha vida até o momento não é pouca coisa. Mudhoney (!) e virada cultural integram-se a esta lista, com as devida considerações ao meu companheiro de aventuras e único leitor deste blog. ;)

Amigos merecem um parágrafo à parte. Pessoas capazes de andar até o Ibirapuera mesmo com gripe ou  caolhas, ou que sabem que as vezes um Big Mac pode fazer milagre ou que apenas ficam ao seu lado quando tudo parece desabar, com um olhar sincero e calmo que te dá forças para qualquer coisa. Agradeço 2010 por tais momentos.

Por último, a vida afetiva mostrou-se mais uma vez consolidada, mas não estagnada. A cada dia, surpresas e sentimentos fazem coisas simples entrarem para nosso álbum de recordações. Dois anos com uma pessoa é bastante tempo, e amando tão intensamente parece até milagre.

Enfim, declarações a parte, agradeço por todos os momentos bons e ruins deste ano. Sei o quanto 2011 se mostra instável e inseguro para mim, mas pensando em todos estes sentimentos (muitos deles compartilhados aqui), penso: e porque não? Que venha, mostre-se e acabe com todos os meus medos de "ano-novo". Amém.

24 dezembro 2010

Feliz natal!

13 dezembro 2010

2 Anos

Um poeminha rápido só para deixar a data registrada. Sabe comé, final de ano signigica sem tempo para nada.


Quem não tem namorado
Carlos Drummond de Andrade 

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.


Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uam névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça.

E por 1 hora e meia eu morri

E de repente começa o comercial. Eu estava há horas lá em pé, conhecia aquelas propagandas de cor-e-salteado, mas aquelas tinham um tom especial. Eu sabia que veria Billy. Ao final, o susto: algum idiota filhodaputa rampeiro desgraçado profissional descuidado colocou um trecho do show do Pavement, banda que tocou antes dos Pumpkins, cuja qual Billy havia xingado em entrevistas anteriores. O medo: será que o Billy viu aquilo? Sinceramente, amo aquele careca, mas conheço o temperamento difícil destes artistas. Uma brincadeira daquelas poderia colocar tudo a perder. Os segundos mais longos da minha vida, eles demoravam para entrar.
Mas entraram. Billy está velho e gordo, e isto é muito estranho. Você começa a comprovar que seus ídolos envelhecem. Mas foda-se, eu amo Pumpkins. Confesso que fiquei meio perdida em algumas das músicas novas, as duas primeiras eu não conhecia, mas ele começou a tocar Today e a sensação passou. Mais uma desconhecida e... Ava Adore. Comecei a morrer ali. Esta canção, para quem não conhece, sempre ficou no Top 10 da minha vida e, dentre as "românticas", sempre foi a minha favorita. Ela não se prende ao melodramático, mas ao falar algo como "É você quem eu adoro, você sempre será minha prostituta/Você será a mãe das minhas crianças, e a criança do meu coração", não há declaração mais sincera, mais crua, mais real.
Depois dessa não tinha como ficar melhor. Bullet With Butterfly Wings, Tarantula, Drown, Cherub Rock, Zero e a bela Stand Inside Your Love, em todas elas me descabelei, gritei, chorei. Como eu disse, o efeito das músicas do Smashing Pumpkins é algo que não consigo explicar. Eu já estava cansada, mas curtindo cada segundo, quando Billy e seus amigos pouco introsados começaram a música que segue abaixo. Quem lê este post pode discordar totalmente disto, mas acho esta a letra mais bonita que já vi na minha vida, é de uma doçura deprimida que só os Pumpkins tem. O show acabou ali e, ao terminar esta música, senti que a minha vida antes de ver os Pumpkins ao vivo também. Eu morri naquela noite.



Observações

1) Tocaram A Song for a Son e o baterista solou Moby Dick, e lembrei do @oscar_batista. Valeu pessoa!

2) Ao tocar Ava Adore, sonhei estar ao lado do meu namorado mais maravilhoso, que possibilitou meu relacionamento mais duradouro exatamente por esta relação intensa. Faz dois anos que você é quem eu amo de verdade. :)

23 novembro 2010

Planeta Terra 2010 - Impressões

16h00 - Mombojó
Banda legal. Mais uma daquelas brasileiras com um sotaque carregado do vocalista. Não vi o show inteiro, mas achei bacana para quem curte este estilo. 9 horas e meia para os Pumpkins.

17h30 - Novos Paulistas
Típico grupo da Nova Brasil FM. Um monte de gente gosta, mas eu acho chato, cansativo e nada a ver com o festival em si. Vi o show de costas, confesso, mas não me arrependo. 7 horas para os Pumpkins.

19h00 - Of Montreal
Transsexual Transgressor demais para mim. Umas coisas estranhas, muito estranhas. Performance psicodélicas, não entendi nada, nem banda, nem letras. E até agora estou me perguntando se o vocalista era menino ou menina. 6 horas e meia para os Pumpkins.

20h30 - Mika
E para quem pensou que o festival estava perdido tirando os Pumpkins, conheci o Mika. Ele é tipo um Chris Martin com Fredy Mercury, Jason Mraz e Elton John, saca? Enfim, músicas fofas, bela performance em palco, apaixonei. 5 horas para os Pumpkins.

22h00 - Phoenix
Eu gostei das músicas, mas acho que preferia elas no estúdio. Entretanto, a performance louca do vocalista foi cativante, se jogando duas vezes no público. Ele é tipo um Mark Arm (Mudhoney) em seus bons tempos. Gostei maomenos. 5 HORAS PARA O SMASHING PUMPKINS PORRA.

23h30 - Pavement
Ah, o tão esperado Pavament. Sinceramente gostei. Eles arrasam ao vivo, e olha que eu estava morrendo de ansiedade e de sono, mas conseguiram prender a minha atenção. (e foi a única banda exigentemente pontual, começando enquanto ainda tava rolando o comercial do festival). OMG. SMASHING PUMPKINS. FALTA POUCO, MUITO POUCO.

25 outubro 2010

Nobel por quebra de dogmas

Prêmios Nobel sempre serão polêmicos, independente de sua categoria. As críticas à premiação criada em 1901 na Suécia envolvem pontos de vistas políticos, econômicos, sociais e enfrentam muitos desafios por parte de críticos do mundo inteiro. Esta semana o prêmio gerou mais uma polêmica para a sua coleção: a entrega do Prêmio Nobel Medicina a Robert Edward, pesquisador que desenvolveu a técnica de fertilização in vitro. A Igreja Católica iniciou então uma série de ataques ao Comitê que escolhe os prêmios Nobel, comparando a técnica a uma cultura “embriões são vistos como produto”.

Em toda a História do homem podemos observar a ação da Igreja e da fé como transformadoras da maneira em que vivemos. Por ser o único animal a realizar rituais originados pela fé por algo impalpável, o homem acaba limitando sua criatividade e suas opiniões em função de algo que acredita ser maior que sua própria existência. A partir deste conceito é que começam as guerras de pessoas como Robert Edward. A coragem de enfrentar instituições como a Igreja tem um significado muito mais amplo do que simplesmente criar a vida: é adquirir a liberdade através do conhecimento ao invés das armas.

Regras impostas pelo Vaticano vêm perdendo o sentido desde o fim da Idade Média. Entretanto, valores gerados na idade das trevas continuam presentes na sociedade atual como fantasmas, coisas a não serem discutidas. Poucos se atrevem a enfrentar de frente questões como o aborto com naturalidade, ignorando que a temática é uma questão de saúde pública. Se não fosse pela coragem e pela revolução liderada por cientistas através do conhecimento, a população continuaria morrendo por doenças incuráveis, esperando a solução nas mãos de uma instituição truculenta e intolerante. Cabe a nós relembrar o que aprendemos com a História: são as convicções humanas que fazem milagres, não a Igreja.

Com a declaração do Vaticano sobre as técnicas in vitro de fertilização, a Igreja Católica reafirma seus dogmas ultrapassados. A proibição do uso de camisinha, por exemplo, ignora um dos grandes males do século XX, o HIV. O objetivo de expor os fiéis a diversas doenças sexualmente transmissíveis. E para quê? Para manter as poucas regras que restam de uma instituição que transforma prazeres em pecado, menosprezando a vida por algo muito “maior”. Entrando neste jogo de questões, se Deus deu a sabedoria ao homem, por que ignorá-la? A Igreja prefere não responder.

A fertilização in vitro vem como mais uma prova de que é possível enfrentar os dogmas pré-estabelecidos e realizar uma revolução através do conhecimento. A declaração da Santa Sé de que a técnica discutida abriu caminho para uma cultura em que os embriões são vistos como commodities é mais uma tentativa obscura de tentar controlar uma sociedade que hoje pode pensar e agir sozinha, vivendo seu próprio tempo, o século XXI.

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Artigo produzido para a disciplina de Técnicas de Redação I, da Faculdade Cásper Líbero.

19 outubro 2010

Como pedir demissão com estilo

Só porque estou muito estressada com estes dois empregos (e também porque só agora entendi como colocar vídeo no blog, graças ao @oscar_batista), segue um dos melhores vídeos que eu já vi no blog do Não Salvo.

(dica: prestem atenção no tigre desde o início)

 

18 outubro 2010

Heróis gregos

Mais uma postagem daquelas aceleradas, como o coelho de Alice no País das Maravilhas, indo para algum lugar que nem mesmo ele sabe, mas com pressa. A questão é que este sábado foi marcado pela tragetória de dois personagens de ficção, um do cinema e outro de um livro, que conquistaram o meu coração e permitiram a mais sincera reflexão sobre o mundo, sobre a política brasileira e, acima de tudo, sobre os seres humanos.

O primeiro é conhecido por quem leu o último post deste blog. Bento, ou melhor, Bento Lucas, o trigézimo "abençoado" disperto no mundo pós-Noite Maldita, teve todas as fases de um herói: de fraco e confuso, passou a líder absoluto e depois a chefe insandecido, devido a sua fixação em cumprir de forma correta sua missão na Terra. Sei que vocês não entenderam muito, mas deixo os detalhes para quem quiser se maravilhar entre as páginas deste que considero um dos melhores livros que já li. Nosso herói faz com que nos apaixonemos e depois recuemos, com uma mistura de medo e sedução. Lucas vai conquistando a cada página mais fiéis, que desejam tanto quanto ele que tudo acabe, que os vampiros sejam destruídos. Entretanto, mais do que os vampiros, o mundo só conseguirá respirar em paz se, acima de qualquer outra coisa, os homens possam continuar a viver em comunhão, tal como aprenderam após a chegada dos vampiros. Dá para imaginar? São Paulo sem violência, sem trânsito, com todos trabalhando junto por um bem comum? É. atualmente, não dá. Mas não devo lhes adiantar mais nada sobre este livro. Leiam.

Meu outro herói (ou podemos chamar de anti-herói) neste final de semana foi o Capitão Nascimento. Alguém pode até não gostar do primeiro Tropa de Elite (se isso for mesmo possível), mas tenho que confessar que o segundo é simplesmente ge-ni-al. A imagem é de um ser humano que realmente "cai para cima" e que, por seus ideiais profissionais facilmente questionáveis, se afasta de sua própria humanidade, de sua pessoalidade. Quem não assistiu também deve se achar perdido, e quem assistiu como o Renato Bazan virá com outras 300 reflexões do filme, todas válidas. O que discuto aqui é a personagem, que por si só já daria muito "pano para manga" para diversos psicólogos de plantão. Tal como o livro, fica minhas sinceras recomendações: assista, mesmo que na versão pirata... =p

Entretanto, o que queria dizer nestas poucas (que já são muitas palavras) é que estes dois personagens me conquistaram esta semana pela tragetória do herói Grego, que através de suas aventuras acabam se auto-descobrindo, fazendo com que o leitor/espectador possa ser envolvido por esta aura que os cerca em suas jornadas, que nos faz rir, chorar, odiar e amar junto com eles. Fica a dica de um livro e um filme e, só para não dizer que esqueci da  música, segue o clipe de uma interpretação fenomenal do Seu Jorge, mesmo em uma música do Zeca Pagodinho, em homenagem a sua rápida atuação em Tropa de Elite 2.


01 outubro 2010

Bento

Faz muitos séculos que eu não posto no blog. Escrever para ele? longe de mim ...Virou bagunça, um Ctrl+C / Ctrl+V danado, e seria hipocresia minha falar que tudo isso é culpa da Faculdade ou do nascimento do meu TCC, pois sinceramente, não é. Me pergunto: falar sobre o que? Mais uma declaração de amor ao meu namorado? Aos amigos? Política (assunto da moda)? Não sabia o que escrever até que ,de repente, as coisas começam a entrar num thriller tenso, onde não consigo dormir, acordar, trabalhar sem lembrar de minha nova obcessão: Bento.
Não, não estou traindo meu namorado. Bento é o nome de um livro André Vianco publicado em 2003 pela Editora Novo Século. Ficou famoso ao ser lançado, pois após o primeiro livro do autor, Os Sete, fez muito sucesso entre jovens e adultos ao contar a mágica história sobre vampiros. Sim, eu disse vampiros. Mas vampiros de verdade, que matam, esquartejam, brincam com os humanos, bebem sangue e principalmente: não brilham no sol. Bento é o primeiro de livro de uma trilogia, sendo seguido por O Vampiro-Rei Vol.1 e O Vampiro-Rei Vol.2. E o melhor de tudo? É brasileiríssimo.


Enfim, tudo isso é informação técnica, adquirida em qualquer Wiki por aí. O que eu queria dizer sobre Bento é a forte atração que me tomou por inteira nesta última semana. Desde domingo, quando comecei a saborear cada página, conto os segundo para poder avançar mais um pouco em uma história aluciante, repleta de magia, ação, descrições técnicas. Como diria Bazan, é um "livro para meninos". Talvez seja isto que me atraia. Os palavrões nunca exagerados, a boa escrita, e o estilo irrefutável de André Vianco, a ausência de clichês. Sim, estou apaixonada por Bento, Lucas, Cantarzo, Adriano, Raquel (a vampira gótica-ruiva, me lembra certas Carolines). Cada personagem, cada história, consigo visualizar a câmera mudar de ângulo, o sons, os cheiros, as testuras. 
De fato, não sei como até hoje este magnífico livro não virou filme, mas ainda bem que isto não aconteceu: prefiro guardar as minhas imagens sobre cada personagem, numa mistura de tesão e compadecimento por todas as criaturas. Enfim, acredito que este livro cumpriu seu papel de quebrar a minha ausência não só deste blog, mas do prazer de ler um livro. Até porque neste bimestre terei que ler Grande Sertão Veredas, então é bom preparar a cabeça e pegar mais leve com estes vampiros. De toda a forma, fica a dica para você que gosta de vampiros, monstros e afins, que gosta de imaginar São Paulo em uma outra situação, ou que admira um bom livro.

23 setembro 2010

Descrevendo-se

Mais um trabalho, digamos, exótico da faculdade. A idéia era descrever-se, apenas o rosto, de forma densa (seja lá o que isto signifique). Ainda não tenho a nota deste trabalho, mas vai chegando um tempo em que a nota é uma das poucas coisas que realmente importam, tá compreendendo. E fora que esse blog tá muito jogado às moscas, preciso dar uma agitada nele. Segue.

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Um rosto jovem como um sábado à noite, de formato redondo como desenhos para colorir, com uma pele morena da cor da poeira da estrada, do trabalho no campo. Ainda assim, não se pode afirmar que este é um rosto negro, pardo ou fruto da miscigenação, pois a pele vai molhando a terra batida conforme a proximidade dos lábios umedecidos como lenços de papel para bebês. Estes lábios portam um sorriso agridoce, laranja, com um tom roseado como um chiclete de morango na parte inferior, e na outra parte um pouco mais escuro, como se cada parte da boca pertencesse a pessoas diferentes. 
Dos olhos é possível sentir o cheiro do verniz que caíra condensado, em gotas, por cima da única parte branca de todo o rosto. Neste único espaço em branco é possível enxergar pequenos rabiscos vermelhos e duas bolinhas negras, como se o desenhista tivesse se descuidado na arte final e tivesse esquecido de apagar os lugares por onde seu lápis passou. Acima dos olhos crescem pequenas folhas de um capim negro, indeciso, que vão formando um ângulo de 180º até se dissipar na terra. As olheiras que negras abaixo dos cílios curtos são como enxergar cinquenta anos vividos em cinco dias, um cansaço que contrasta com a imagem jovem da pele sem rugas.

Próximo ao nariz é possível encontrar ainda duas pintinhas, pequenos buraquinhos por onde o ouro negro tenta passar pela terra. No restante, não é possível encontrar nenhuma falha realmente aparente, pois as maçãs do rosto se escondem por trás de ariscas tranças. Uma a uma, vão construindo um mosaico de fios, curvas e espaços vazios, como uma floresta de eucaliptos contra a gravidade. As raízes são escondidas por um chapéu, feito cereja do bolo, completando a aparência rusticamente feminina, uma Xica da Silva dos anos 30.

29 julho 2010

Abóboras no Brasil

"Time 
is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
we will never be the same
the more you change the less you feel"
Tonight Tonight
 
Smashing Pumpkins (Abóboras esmagadas em tradução livre) é uma banda grunge-gótico-alternativo(e recentemente psicodélica) que alcançou seu auge nos anos 90', com Billy Corgan no vocal, James Iha na guitarra, D'arcy Wretzky no baixo e Jimmy Chamberlin na bateria e percussão. A banda, que passou por um grande hiato desde 2000 por motivos de brigas internas, drogas e outras coisas típicas de bandas de rock, voltou em 2006, com algumas mudanças na formação original. Atualmente, somente Corgan continua na banda, que tem lançado as faixas do novo CD para downloads gratuitos na internet. No site oficial da banda, foi confirmado a presença deles no festival Planeta Terra, a ser realizado no dia 20 de novembro deste ano no parque de diversões Playcenter.
Tá, aí você me pergunta: e eu com isto. Eu, educadamente, respondo: não sei qual é a sua relação com esta banda, mas pra mim, tudo mudou. Meus quinze anos de volta. Se você me conhece, principalmente por msn, sabe que eu sou louca por esta banda. As letras mais profundas e sombrias sobre a conturbada e triste adolescência flutuam entre as letras e as melodias dos Pumpkins. Me sinto eufórica, e contente, e anciosa, e feliz, e conturbada. Tudo ao mesmo tempo. Faz anos que não me sinto assim. Acho que desde quando conheci a banda, mesma época em que me apaixonei por outros como Alice in Chains, Nirvana e Pearl Jam. E sim, este não é um post de uma estudante do terceiro ano de jornalismo da Cásper Líbero, mas sim de uma fã enlouquecida que, desde que foi confirmado oficialmente o show, não consegue ouvir outra coisa. O fato é que faltam 121 dias para eu estar no mesmo ambiente que um ídolo dos meus tempos mais sombrios, um dos poucos que ainda vivem. E não perderei este show por nada que seja deste mundo.

"Inside of me and such a part of you
Ooh, the years burn"

18 julho 2010

Viagem a Minas Gerais

  Pão de Queijo

Doce de Leite


Goiabada


Bolos




Fato: Minas é uma delícia.

01 julho 2010

Para descontrair

Acho esse texto que postei muito pra baixo. Para recompensar, segue o vídeo mais guti-guti que eu já vi na internet. Ele é antigo e provavelmente você já cruzou com ele antes, mas sempre vale a pena ver denovo.

Exercitando meu estilo literário

Giovana sentou, olhou, pensou, murmurou, chorou, e depois sorriu baixinho. O que seus quinze anos diriam a nós se descobrissem que nada funcionou? Na cama do hotel, de colchões e mantos que quase engoliam o quarto, não se conformava com o fato de que nunca fora feliz. Chorou. Sentia que alguma coisa estava errada, mas nunca conseguiu descobrir por que a alegria a rejeitou. A viagem para os Estados Unidos e França e Espanha e Japão e Butão e outros países que tivessem a felicidade como lei, de nada adiantaram. Nascera para ser infeliz, constatou.

Sorriu baixinho porque o televisor estava ligado. No telejornal, uma moça de cabelos negros avermelhados anunciava que um projeto talvez fosse aprovado, um grupo de pessoas queriam que a felicidade fosse um dever do Estado. Seria o fim de seus problemas, de suas dúvidas, de seus dilemas, de sua morte? A janela aberta revelava um dia acinzentado, calado, molhado. Pecando contra sua própria natureza, por um momento morte não era um resultado. A felicidade. Há felicidade. A Esperança havia retornado.

Giovana decidiu então  mudar na vida. Se jogar por inteiro em uma alegria tão superior e suprema que sua satisfação seria suficiente para sair do sofrimento. Pretendia sair e beber e dançar e cantar e curtir e ficar com qualquer pessoa que lhe oferecesse cinco segundos de diversão. O importante não era o quem ou o aonde, mas que colocasse fim nas minhas feridas dentro dela, tonando-se livre de qualquer violência. Correria cuidadosamente para fora hotel, com qualquer estranho que tivesse um carro veloz.

Mas então abriu a porta e seu pai lhe esperava sem calças, sem alegria, sem pudor, sem alma. Sabia que não era Giovana, nem Ana, nem Fernanda, nem Santa... era Lolita. Seus olhos de lágrimas latentes e lúbricas lamearam-se de repente, entre a maquiagem pesada e os cílios negros, formando um rio que percorria seu rosto. As feridas se abriram, como outras partes de um corpo que já não se encontravam em seu poder. Nem o PEC da felicidade nem o Artigo 172.º do Código Penal poderiam salvá-la da escravidão, da servidão, da aberração e solidão. Seu pai estava dentro dela e isto era tudo.



*Texto escrito para a matéria de Técnicas de Redação I da Faculdade Cásper Líbero.

25 junho 2010

Copas do mundo

No país inteiro, não se fala em outra coisa. Nos bares, nas ruas, no transporte público, não importa: todo mundo tem seu lado futebolístico nesta época. A equação é muito simples: você não gosta de futebol, você não é brasileiro. 
A questão que me ponho a pensar na verdade não é de oposição nem de apoio a este fenômeno que acontece de 4 em 4 anos. Ultimamente ando muito nostáugica (por motivos que a própria razão desconhece), e então comecei a me perguntar aonde estava na Copa passada. Sim, porque eu deveria estar em algum lugar.
O pensamento foi muito muito além do que uma simples volta ao passado. Eu realmente não lembrava de muitas coisas. Sabia nomes como Parreira, lembrava que Dunga estava no comando da seleção do Japão (tava, não tava?). Trabalhava ainda com meu pai, estava no último ano do colégio, fui embora mais cedo por causa do jogo. Não, eu não assisti o jogo: eu durmi mesmo. Época bem tensa da minha vida, acordar 5h30 da manhã, ônibus para o colégio - acho que as coisas não mudaram muito. Tudo bem, parei com o momento introspecção (caro leitor, você não precisa saber tantos detalhes assim sobre mim). Mas isso faz pensar quanta coisa mudou. Amigos, pensamentos, sentimentos. E ainda teve a cabeçada do Zidane.
Tudo isto é muito vago para quem ler este texto, mas sugiro o mesmo exercício: o que você estava fazendo na Copa passada? Se esta pergunta te assusta, imagine-se então tentando responder o que você estará fazendo na Copa de 2014. De toda forma, um futuro presidente terá mudado o país, sua vida e seus amigos serão outros, talvez algum nascimento ou casamento no meio do caminho. O fato é que a vida segue seu rumo, as coisas mudam, mas estaremos lá, todos, torcendo para a seleção. Ou não.

17 junho 2010

Amizades: encontros e despedidas

Já postei inúmeras vezes neste blog sobre a amizade. Sei que para muitos este é um "não-tema" ou coisa de adolescente, mas acredito que os poucos leitores deste blog saibam os motivos que me fazem recorrer tanto a este tema. Acho que a amizade é como a paixão: por mais que já tenhamos sentido por muitas pessoas, nunca descobriremos por que tal sentimento começa ou termina. Simples assim.
Ainda assim, a amizade é muito menos intensa - e também muito mais sólida - que a paixão.A paixão, quando acaba, dói. Dói de forma lancinante, nos faz acreditar que aquela dor nunca vai passar. Mas passa. Pode demorar dias, semanas. Mas passa.
Com uma amizade é diferente. Quando se é amigo de uma pessoa, envolvendo toda a sua alma nisto, é muito mais doloroso aceitar que o sentimento acabou. Muitas vezes você não percebe a ferida, afinal, não é como a paixão que destrói tudo à sua volta. Quando uma pessoa deixa de ser sua amiga, você fica chateado, os dias parecem mais negros, as coisas parecem mais tristes. E a dor é pra sempre.
Serei um pouco mais direta - e pessoal. Sempre tive poucos amigos (já fui muito mais anti-social do que hoje), mas os que tive sempre tiveram toda a minha deditação. Existem brigas, é claro,  mas a verdade  que quando eu coloco uma pessoa em minha listinha pessoal, é pra valer.  
O oposto também se aplica. Quando preciso arrancar alguém da lista, dói. Alguns eu jamais consegui riscar, mesmo quando realmente mereceram (não é, Oscar?). Outros amigos, mesmo que as circunstâncias tornem isto mais difícil, é necessário fazer parar a dor de perder o respeito por quem já se admirou um dia. As pessoas crescem, mudam, e de repente se tornam mundos completamente diferentes. Não acho que o  meu jeito seja melhor que de outros, tão pouco acredito que estas precisem de mim. O problema é exatamente o contrário: o erro foi meu, que deposito tanto amor em certas pessoas que acaba sufocando facilmente. E dói.
Mas é chegada a hora. Jamais perderei a educação, a elegância ou a compostura,  e talvez alguns jamais percebam esta ruptura. A mudança não é tão explícita, é mais profunda do que algumas pessoas conseguem enxergar. Apenas um nome na lista. Mais uma despedida.

Mudanças...

... de layout e design.

Legal né?

09 junho 2010

Declaração de Amor IV

Lanchonete de alguma faculdade em São Paulo.

- Vamos pedir mais uma porção de batatas?
- Vamos!
- Pensando bem, é melhor não pedir não. Estou me sentindo meio gorda.
- Eu que o diga, engordei mais desde que comecei a namorar você.
- Mas dizem que namoro engorda mesmo, Re.
- É... principalmente quando você tem uma namorada gulosa...
- Deixa eu entender... Você está me chamando de gulosa?
- Quem foi que sugeriu comprar mais batata mesmo?

....

Um ano e seis meses, dia dos namorados. Algumas coisas não mudam.

31 maio 2010

Mudanças

Mudanças significativas - ou drásticas - a frente.

Prepare-se.

ou não.

04 maio 2010

Declaração de amor curta - e séria

Quem um dia definiu a idéia "quem tem amigos tem tudo" estava certo.
Assim, rápido, simples, quem tem amigos: tem tudo.
Você pode brigar, se esconder, ignorar. Mas eles estarão lá. E te entenderão.
Acabei de lembrar o quanto gosto e admiro os poucos - e verdadeiros - amigos que tenho. Não preciso citar nomes, eles sabem quem são. E não me acham carente por dizer que os amo.
Quem tem amigos, tem tudo.
Só quero acrescentar mais uma coisa, se o ser magnífico que definiu esta frase me permitir.
Quem tem amigos e um namorado que, além de amante e companheiro, é acima de tudo amigo - tem tudo.

E hoje, por alguns instantes, me sinto a pessoa mais rica do mundo.

07 abril 2010

Semana de homenagens

"Be what you wanna be
See what you came to see
Be what you wanna be
I don't like what I see"

"Into the flood again
same old trip it was back then
so i made a big mistake
try to see it once my way"

Heaven beside you/ Would - Alice in Chains

06 abril 2010

Semana de homenagens


Layne Staley 22/08/1967 - 05/04/2002

05 abril 2010

Semana de homenagens

Órfão de si

O piso era de liso, encerado. No chão, toalhas, vestígios de heroína em uma seringa descartável usada, uma caixa de cigarros Camel Light com poucas unidades. Havia também um corpo pálido, frio, vestido com uma camiseta da banda Half Japanese e calças Levi's, que mais parecia um manequim se não fosse todo o sangue que saía da orelha. O cabelo era uma fusão de loiro desbotado e vermelho vinho, o odor de cerveja derramada ao longo do piso com algo em decomposição pairava, e um rifle ao longo do corpo apontava para um queixo. Aquele rosto desfigurado, que antes o mundo venerava como um dos maiores cantores da história do rock, seria irreconhecível caso a perícia não o identificasse através das digitais.

Um triste, autodestrutivo e mórbido roqueiro. Este era Kurt Cobain, líder de uma das bandas mais influentes dos anos 90, o Nirvana. Treze dias depois de seu desaparecimento da clínica de reabilitação em que estava internado, o corpo de Kurt Donald Cobain foi encontrado no quarto de sua mansão em Seattle. Mesmo com a relação do vocalista com as drogas e suas letras melancólicas, foi um choque para o mundo quando as rádios anunciaram o suicídio, em 8 de abril de 1994.

Com a morte do vocalista, o Nirvana também acabava naquele típico dia nublado de Seattle. Entretanto, não há como negar a influência da banda em todo o cenário musical da época. Era um homenzinho ranzinza, que ao lado do baixista de 2 metros de altura parecia muito menor que seu tamanho de 1,70m. Sua voz rouca ecoa até hoje como a mais conhecida no movimento grunge, que surgia entre os adolescentes e que está presente até hoje em barzinhos e rádios de todo o mundo.

Hoje, após 16 anos de seu suicídio, pouco se fala daquele homem que não procurava status ou dinheiro, mas ser compreendido em toda sua complexidade. Por trás de seus olhos azuis-celeste que mais pareciam duas bolas de gude, havia um homem que amava e desprezava tudo à sua volta, e que encontrava na morte um refúgio de todas as suas dores. Na mesma semana de seu suicídio, 68 jovens também seguiram pelo mesmo raciocínio, comentendo atos contra a vida. Seu poder ideológico depois de morto é tão significante que em 2006 foi o artista de maior lucro em sua obra depois de morto.

Sejam elas boas ou ruins, as mensagens de Kurt Cobain sempre estarão presentes quando falamos da história do rock. Em abril de 94 perde-se outro grande gênio da música em função das drogas. A morte vence mais uma vez.

*Baseado no livro "Heavier than Heaven", biografia de Kurt Cobain

04 abril 2010

Semana de homenagens



Kurt Cobain - 20/02/1967- 05-04-1994

22 março 2010

Interpretando a música II

Como já explicado anteriormente (para entender, clique aqui) tive a ideia de analisar algumas musicas para entender melhor porque elas fazem tanto sucesso com suas letras que apelam para o nosso inconsciente e não percebemos, fazendo com que alcancem o "topo das paradas".
Hoje decidi fazer uma homenagem a Renato Russo, que completaria 50 anos esse final de semana. Antes que tenha uma "legião" de fãs me enchendo o saco, eu realmente gosto das músicas dele, mas como comentei com o único leitor deste blog, essa música é praticamente um release de um livro de auto-ajuda.

Mais uma vez - Legião Urbana

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
mais uma vez, eu sei
Panorama: Depois de inúmeras músicas que induzem ao suicídio, Renato Russo resolve fazer uma música "pra cima". Eu, desagradável que sou, vou tentar destruir isso
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Afirmação cientificamente óbvia: o sol vem todos os dias, caso contrário seria o apocalipse não é? E dica: isso não se aplica nos dias chuvosos.
Tem gente que está do mesmo lado que você
mas deveria estar do lado de lá
Dica: tenha cuidado, ele pode ser um inimigo disfarçado. Sabe, lobo em pele de cordeiro?
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Seria isso uma indireta pra mim?
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
mas eu sei que um dia a gente aprende
Interprete como: a gente é muito trouxa. Fale por você Renato Russo.
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
quem acredita sempre alcança
Provavelmente este aí foi traído e agora é que se tocou que não se deve confiar em ninguém, do tipo "ame você mesmo" e "seja senhor do seu destino". Quer coisa mais auto-ajuda do que isto?
Dica: se quiser alcançar, pega uma cadeira e sobe em cima

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
A mesma coisa. Espera que o sol voltar e a água baixar, não é legal andar na enchente
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar nos sonhos que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Se nenhum dos seus planos se realizou até agora, você que está desempregado, nem completou o colégio e nem sabe o que é relacionamento com outra pessoa, ele diz que você ainda tem chances. Eu acho que não, loser.
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Será que eu sou assim?

Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Em quem canta essa música é que você não deve confiar, isso sim
Quem acredita sempre alcança...
Quem acredita sempre alcança...
Quem acredita sempre alcança...
Quem acredita sempre alcança...
Pega logo a porra do banquinho!


Ok, não me briguem comigo, não ficou legal mas vale a intenção.

18 março 2010

Declarações de Amor III

(...)
- Este ano eu não quero nem saber, não vou ficar cobrando trabalho de ninguém.
- Você não consegue Fernanda. Isso é parte de você.
- Como assim? Claro que eu consigo...
- Não, não consegue. Você é aquela que liga no final de semana, quando todo mundo está pronto para se divertir, lembrando de um trabalho que tem que entregar na segunda e estragando a alegria de todos.
- Nossa, obrigada.
- Mas é exatamente por isso que a gente te ama.
- Por eu ser a chata?
-É...



Um ano e três meses e ainda recebo declarações de amor assim, intensas.

05 março 2010

Trabalhos se vão, pessoas ficam

"Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard"


Como um ou outro leitor do meu blog viu no último post, comecei esta semana um novo estágio em minha vida - literalmente. É claro que com isso me tornei só inseguranças, e em todos os campos da minha vida - acadêmico, emocional, familiar, profissional - acho defeitos, arestas, buracos. Não é fácil, mas ninguém o disse que seria.
Em uma de minhas crises (acredito que a de número 14.236.586.362) perguntei a um jovem sábio se tudo iria dar certo. Ele olhou em meus olhos e disse que não, mas que aproximadamente 66% das coisas dariam. Eu fico aqui esperando nos 34% então.

26 fevereiro 2010

Mudanças


Hoje, 26 de fevereiro de 2010, consegui meu primeiro estágio.

A Escrava Rainha

A história de Madame Satã, o malandro mais famoso do Rio de Janeiro

Rainha e malandro da Lapa. Assim é conhecido João Francisco dos Santos, ou Madame Satã, personagem que se tornou mito na noite carioca e que é redescoberto no livro Madame Satã – Com o diabo no corpo, do jornalista Rogério Durst. Nesta biografia, o jornalista procura restaurar a história do malandro mais famoso do Rio de Janeiro e que passou cerca de um terço da vida na cadeia, destruindo o estereotipo do homossexual como frágil e delicado.
A construção da biografia de Madame Satã não acontece de forma cronológica. Rogério Durst procura descrever a Lapa, no Rio de Janeiro, principalmente nas décadas de 30 e 40 e a partir disto falar sobre sua personagem. O bairro transpirava boemia e agitação serviu de palco para aquele considerado “malandro autêntico”, aquele até certo ponto honesto, cheio de dignidade, consciente de sua profissão de malandro. É nesse cenário que surge João Francisco dos Santos, e sua interação com este mundo “devasso e fedorento” é que resultará em uma personalidade que mistura raiva, criatividade, violência, doçura.
Assim o autor começa com um prólogo sobre o bairro da Lapa, sobre a malandragem, sobre o contexto histórico, colocando o leitor nos anos 30, com todo o glamour e boemia desta primeira parte do século e onde a personagem reinou.
A partir de sua segunda prisão é que acompanhamos então a história João Francisco dos Santos. A personagem começava a fazer sucesso com o seu sonho de ser artista, cantando em pequenos bares no Rio. Entretanto, João Francisco não era daqueles que aguentam provocações, assumia sua homossexualidade, mas reafirmava que não deixava de ser homem por sua opção, e o resultado deste comportamento explosivo foi a o assassinato a um guarda que o ofendeu gratuitamente em um bar onde se apresentava como a Mulata do Balochê. A partir deste episódio João Francisco entra definitivamente na vida da malandragem.
Com seu chapéu panamá, camisa de seda e calça almofadinha, o malandro se transformava nos palcos, ao mesmo tempo em que sua paixão pelo teatro foi interrompida várias por problemas com a polícia. Em 1938 sai da prisão após dez anos na Ilha Grande (onde passaria mais de 27 anos da sua vida), e cria uma fantasia decorada com lantejoulas, inspirada num morcego do nordeste do Brasil, em um dia de carnaval no desfile do Bloco “Caçadores de veados” . É ali que, vitorioso e renascido, nasce a lenda Madame Satã.
O próprio apelido sintetiza a ambiguidade do personagem: Madame, feminino, sofisticado, delicado em oposição a Satã, masculino, violento e destrutivo. De temperamento violento e protetor dos meninos de rua e prostitutas da Lapa, ele é fruto de uma sociedade que o rejeitava por ser pobre, mulato e homossexual. Filho de ex-escravos, não é a trajetória deste um garoto trocado pela mãe por um burro que Durst trás a tona. A intenção é ressaltar o malandro mais temido pelos policiais do Rio de Janeiro, o mulato de forte temperamento, ágil na capoeira e com destreza no uso da navalha, que acreditava que homem de verdade se defendia com a esquerda, mas que não tinha vergonha de correr quando sabia que não dava conta.
Em Madame Satã – Com o diabo no corpo, o autor nos conduz às aventuras da personagem não através de referências bibliográficas sobre a personagem (quase inexistentes hoje), mas através da memória coletiva e da história da boemia da Lapa. Aos poucos ele consegue se distanciar do mito Madame Satã e revela o lado humano de João Francisco dos Santos, que sozinho adotou cinco crianças de rua.
Segundo Nanami Sato, Professora de Língua Portuguesa dos cursos de Jornalismo e Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero, as biografias, gênero literário que tem crescido cada vez mais, também fornecem material para o cinema e a TV, lembrando revistas de fofocas, realityshows e talkshows de cunho biográfico envolvendo celebridades. No caso, Madame Satã de Rogério Durst serviu como inspiração para o filme com o mesmo nome, do diretor Karim Aïnou, que ilustra apenas alguns anos do malandro, fase que o diretor chama de pré-mito, mas que também serve de referência para apreciar a personalidade da personagem principal.
Mesmo não seguindo um formato cronológico, Madame Satã busca, através da pesquisa detalhada e do ano das prisões, lembrar sempre ao leitor a situação política na qual a personagem está envolvida. Quando Satã sai de sua última prisão (1955-1965), sua Lapa já não é a mesma, e ser malandro já não é algo de orgulho como antes. Nanami Sato considera que o papel da biografia não se confunde com romances, mas elas devem construir uma narrativa plausível e interessante. Sendo assim, Madame Satã – Com o Diabo no Corpo desempenha com êxito sua tarefa, reconstruindo a trajetória de homem ambíguo.
Quando Rogério Durst traz para a biografia a irreverência que caracterizava seus textos como crítico de cinema, torna o texto muito mais sintético e facilita a leitura. Jornalista e repórter, Durst é autor de outros livros como Anjo Caído e Geração Paissandu, mas de fato é em Madame Satã que o autor irá expor seu orgulho e amor carioca, ilustrando as glórias e tristeza da cidade em um discurso nostálgico.
Construindo invenções e reinvenções de si mesmo, Madame Satã se tornou um mito muito maior do que João Francisco dos Santos jamais imaginaria. Foi cozinheiro de pensão, matou um guarda, foi mãe e pai, homem, malandro. Mesmo conhecendo o final trágico (a morte, em 1976, sem nenhum reconhecimento), sua biografia é um resgate social, histórico, cultural, enfim, uma viagem dual e confusa, pelo submundo da Lapa dos anos 30.

10 fevereiro 2010

Interpretando a Música I

Sabe aquelas músicas que você ouve e diz "essa é a minha música"? Então, ela realmente foi feita para você! Ou melhor, feita para qualquer um que a ouvisse, apropriando-se da letra de acordo com suas experiências vividas. Foi lendo o livro A Economia das Trocas Lingüísticas: O que falar quer dizer, de Pierre Bourdieu, que tive esta epifania, ou melhor, a confirmação do que já havia descoberto há algum tempo. O importante é que muitos artistas se aproveitam de você fazendo músicas que se encaixam em qualquer história romântica, dor de cotovelo ou momento de superação, emplacando hits e ganhando dinheiro com os sentimentos alheios. E eu, entusiasta neste assunto, vou mostrar que Bourdieu tinha razão.

Vou começar com uma prodígio neste ramo: Pitty. Vai dizer que você nunca ouviu uma música dela e disse: "é... ele(a) fez isso mesmo!". Ela é boa nisto, e não foi atoa que essa música ficou tanto tempo nas paradas. Veja por si mesmo...

Pitty - Na sua estante

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Panorama: estamos falando de um casal em crise. Ele(a), é claro, está errado. Todo mundo sabe que outro sempre está errado e quem está cantando é sempre o que está sofrendo, sangrando. Só lembrando, você não odeia o outro, só queria que ele parasse de errar.
Te vejo sonhando e isso dá medo,
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Quando se está em crise, costumamos nos afastar, nos fechar. Eles já não se entendem, já não são do mesmo mundo. Soa familiar para você? É claro que sim, você e ele (a) sempre foram diferentes, mas só em uma crise é que isto fica claro.
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar, ao menos mande notícias
Eu te amo, me preocupo com você, mas você está indo embora. Manda um cartão postal!
Você acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
Isto é para as mulheres. Nós sempre queremos discutir a relação porque percebemos muito mais rápido que o relacionamento está acabando. E, neste caso, vai acabar em tragédia. E ainda saímos como as bruxas por termos sacado antes.

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu [2x]
Baba olha o que perdeu. Ninguém vai te amar como eu te amo e blábláblá. Você já disse isso pra aquele seu ex, eu sei disso, mesmo que tenha sido uma enorme mentira. Tudo isso é só pra ele não ir embora.

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
Retomamos ao primeiro parágrafo. Cansei de sangrar por você, ja estou aprendendo.
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Momento de auto-confiança, também sempre presente no fim. Eu tô lutando por você, mas mesmo depois de sangrar tanto, eu vou sobreviver sem você.
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
De novo eu sou a louca que fica chorando por aí enquanto pra você está tudo bem. Mas nesta última parte retomamos um pouco de nossa dignidade não é mesmo? Não sou um objeto que você usa e exibe para os amigos. Nada disso é novidade. Qualquer um, seja homem, mulher ou simpatizante, já se sentiu usado. E pior, a gente ainda cai nessa.

[REFRÃO]

Só por hoje não quero mais te ver, só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar
Finalmente: Criei coragem e não quero mais saber de você. Acabou, chega, você nunca vai aprender. É claro, isso até ouvir sua voz e o "amor" falar mais alto. Pitty querida, você tem que se decidir, ou sai ou sangra. E não é que a gente prefere continuar sangrando.

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Bem, enxugando as lágrimas vai. Moral: se não está dando certo, termina logo caramba. Qualquer diga pego outra música para destruir.

01 fevereiro 2010

E hoje em dia, como é que se diz "eu te amo"?

São três palavrinhas simples, e quem nunca as ouviu para si pode se considerar a pessoa mais infeliz da face da Terra. O fato é que o "eu te amo" dos enamorados é tema de músicas, poemas e declarações, mas vêm perdendo o sentido e o encanto ao longo dos anos.
E afinal, o que significa "eu te amo"? Discutindo sobre isto com meu namorado, chegamos a diversos significados que variam de um "você é importante para mim" até "gostaria de tê-lo(a) sempre ao meu lado". Mesmo tendo tantos sentidos, nunca entendi por que é tão dificíl para nós, casais "supersinceros" do século XXI, dizer um "eu te amo" sem travar a língua, gaguejar ou até trocar por um "adoro você", sem perceber que o "eu te amo" não pode ser substituído.
E o peso destas palavras podem ser ainda maior. Quem profere um "eu te amo" espera de imediato uma resposta, de preferência um "eu também" sincero. O problema é que nem sempre estamos preparados para amar alguém, ou pior, para confessar que amamos, que somos fracos, que estamos entregues áquela pessoa. Aí vem o silêncio, e a dor de um amor possivelmente não compreendido ou mal expressado, e o que resta a fazer é sentar e chorar, ou invejar, inconscientemente, o amor alheio.
Acredito, neste momento da minha vida, que a salvação deste problema para a humanidade seria amar: sem medo, sem culpa, sem resseios. Amar e ser amado. Dizer mais e mais "eu te amo". Porque não tem coisa mais gratificante do que ouvir isto inesperadamente. É bom pra quem diz, é bom pra quem ouve. Já dizia a bruxa do 71: "eu amo, tu amas, seu madruga ama, nós dois nos amamos".

Obs: Te amo Bazan...

02 janeiro 2010

Sonhos, filmes, felicidade

"Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
por mais que esteja errada"

Todo ano é a mesma coisa. Novos sonhos, novas esperanças, uma nova chance de fazer as coisas certas desta vez. Nestas pequenas férias nas quais muitos se encontram no final de ano, três filmes que eu "superrecomendo" fizeram muito bem seu papel de lavar a alma e fazer refletir sobre pessoas, sonhos e principalmente felicidade. Dois deles passaram na tv aberta e um ainda está em cartaz no cinema.

À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006) é um daqueles filmes que te garante algumas lágrimas. Resumidamente, Will Smtih é um homem que, abandonado pela esposa, passa por um processo de estágio sem remuneração e enfrenta todo o tipo de dificuldade para conseguir um emprego de corretor. A principal mensagem, obviamente, é que a felicidade sempre será algo a ser conquistado, nunca é de graça. Deixa aquele sentimento: será que sou feliz? O que preciso pra ser feliz? Bem, seja qual for sua resposta, é uma boa pergunta para se começar o ano.

O segundo filme, segue a mesma linha de correr atrás de um sonho. Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, 2006) é delicado, "engraçadinho", contagiante. A história de uma família neurótica, com diversos problemas, mas que se une enfrentando de tudo pelo sonho da pequena Olive. Este filme analisa não só a busca por um sonho, mas como a união faz a força, por mais piegas que isto pareça. Me lembra o conselho de um amigo que sempre me diz que ninguém consegue ser sozinho no mundo, todos precisamos uns dos outros. Ainda assim, a maior lição de todas em minha opinião é que os verdadeiros perdedores são aqueles que nem ao menos tentam. Voltamos à corrida pela tal felicidade de novo.

Por último, e sintetizando tudo isto, recomendo à crianças e aos mais crescidinhos a nova animação da Disney, A Princesa e o Sapo (2009). Em uma brilhante retomada aos contos de fada o desenho encanta, e como todo bom clássico, dá uma lição diferente do "esperar uma mágica", é o fazer a sua mágica. A princesa a la cinderela trabalha duro por seu sonho, abre mão dos prazeres da vida para juntar dinheiro e realizar seu desejo de abrir um restaurante, algo do tipo "me sacrifico agora para ser feliz depois". Enquanto isso, o príncipe (que mais parece aqueles malandros dos anos 30), só quer saber de farra, festas, botecos, barzinhos, enfim, você entendeu. Juntos, os personagens mostram que a tal da "felicidade" está em um meio termo das duas maneiras de encarar a vida. E, se me permitem uma observação, vale a pena pela trilha sonora.

O fato é que 2010 tá aí. Olho pra ele e começo a traçar os planos, tentando responder à pergunta sobre o que me falta para ser feliz, o que afinal é a vida. Na dúvida, eu fico com a pureza das respostas das crianças: é bonita, é bonita e é bonita.

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